terça-feira, 27 de julho de 2010

Quando eu era pequena o meu avô levava-me a passear nestas noites quentes de Verão. Íamos ao cais molhar os pés, bebíamos uma laranjina C na colectividade, andávamos naquele passo lento e demorado, dizia-se boa noite às pessoas sentadas à porta de casa e conversávamos, nem sei bem do quê, mas sei que falávamos muito. Deve ser por isso que eu gosto destas noites quentes, deve ser por isso que me emocionei às lágrimas quando estive em Veneza. Era o cheiro do rio da minha infância, das memórias doces do meu Alfredo; dos ovos mexidos em azeite, dos refrescos de café, dos longos passeios de bicicleta, das tardes passadas na oficina, a ouvir discos e ler revistas e brincar com ferramentas, de ir comprar melão e saber de certeza que ia ser bom, das 2 ou 3 colherzinhas de café que partilhava comigo.

Em 8 anos nunca senti tanto a falta dele, nunca lamentei tanto a sua ausência. Porque eu queria mesmo que ele ainda cá estivesse. Porque ele merecia esta felicidade.

2 comentários:

Senhor Geninho disse...

Parece-me que onde quer que ele esteja está a sentir isso mesmo. Felicidade, por ter alguém que o recorda com tanto carinho! Bjs.

Anónimo disse...

Lindo, lindo, lindo. Emociona-me a forma como tu sabes (tão bem) colocar em palavras os momentos simples mas mais marcantes e importantes da vida.

Um bj especial,

Ana