terça-feira, 24 de maio de 2011

Voltar...

Depois de tanto tempo ausente faz sentido retomar com este "rascunho" escrito poucos dias antes do "grande acontecimento":

"E este espaço ficou esquecido...tal qual a bisa que quando tinha muito para fazer se deitava, também eu, tinha tanto para dizer que me calei. Tenho pena, porque sei que mais tarde iria gostar de reler as impressões, de recordar este período. Mas o tempo é de silêncio, de concha fechada ao mundo, tentando absorver todas as mudanças, processá-las e arrumá-las para evitar colagens futuras. Meia de mim está suspensa, meia de mim está com medo de se perder neste novo papel e não voltar a encontrar-se. A outra metade está expectante e confiante que tudo se encaixará sem peso; que teremos a capacidade para receber e envolver este miúdo nas nossas vidas, de o amar e de o educar, sem nos esquecermos de nós próprios, enquanto indivíduos e enquanto casal.

Falta o menino para compor a "sagrada família" mas já é uma família antes do menino."

...

O André nasceu no dia 18 de Março, com 3,410kg e 49,5 cm. Depois de mais de 10 horas de sofrimento, um corpinho quente aterrava no meu peito. É de facto uma sensação única e um momento marcante para toda a vida. Foi apenas nesse preciso momento que tive a consciência que na minha barriga "morava" um bebé - o nosso bebé! E ficámos os dois numa espécie de ladainha, a chorar, a rir e a contemplar a nossa obra.

Já passaram 2 meses. É impressionante como se, por um lado o tempo parece voar, por outro existe a perfeita noção do tempo. Em 2 meses o meu miúdo que mal abria os olhos, já ri, já palra, já segue um objecto, está a descobrir as mãos e agita as perninhas quando está contente. É por isto que a parte de mim que achava que poderia perder-se neste novo papel, já percebeu que não é uma questão de perda, antes sim, de perspectiva. O trabalho pode ser estimulante, os amigos uma diversão, as viagens maravilhosas mas não há nada que supere o prazer de assistir, partilhar e acompanhar o crescimento da nossa cria - e quando assim é, não se sente peso. E é nesta contemplação diária, nas rotinas, no cuidar noite e dia, no toque, que o amor cresce. Um amor que é todo dentro, um amor que se sente como o bombear do coração: contrai muito e depois relaxa, inundando todos os poros. É esta espécie de dormência de felicidade que nos permite aguentar o choro, as noites mal dormidas, as máquinas de roupa quase diárias , a mama de fora a cada 3 horas e sobretudo que faz aumentar os níveis de tolerância e paciência.

Está a ser tãooo bom! :)

3 comentários:

Incógnita disse...

És linda!

RJ disse...

Tu é que és :)

Senhor Geninho disse...

Aproveita cada momento, cada segundo pois ele vai crescer vertiginosamente! As birras, os choros, as noites mal dormidas, os momentos de carinho, os mimos, o olhares para ele e pensares: "És tão lindo, amo-te tanto!", não são mais que o scombustível para alimentar esse amor, essa ligação eterna! Beijo grande.
P.S - Por mim, são as duas lindas! ;)